...1980!
Que época era esta?
Julgo ser importante, antes de
avançar em mais “estórias” da minha vida, tentar transmitir, pelo menos aos
mais novos, o momento que se vivia nas décadas de 80. Em 1980, vivia-se um
período ainda demasiado próximo da revolução do 25 de Abril, onde imperava
alguma contestação, alguma luta pela emancipação da mulher, onde
definitivamente a mulher perde o conceito da conservação da “virgindade”.
Vive-se um período de alterações profundas, na sociedade e no país. Portugal
começa a descobrir a Europa. Na moda feminina, é tempo de continuar com algumas
mini-saias, saias de “roda”, mas acima de tudo, saias cheias de grandes
“rachas” à frente, ao lado ou mesmo atrás. É a explosão das “T-Shirts”, da
guerra aos soutiens, e dos calções para férias, escandalosamente curtos e
surgem as “lycras” no quotidiano feminino. Aparecem as botas de cano alto até
ao joelho.
Sida/HIV era palavra que não se
conhecia no vocabulário português; telemóvel, era “coisa” da série televisiva
americana “Dallas”, que rodava em Portugal. Os shoppings tornaram-se paraíso
dos consumistas, e no Porto, vivia-se ainda uma certa euforia da abertura do
seu primeiro Centro Comercial – O Brasília”, inaugurado três anos antes.
Politicamente, é o ano em que
Portugal assina o contrato de Pré Adesão à CEE, e o ano, em que Sá Carneiro se
torna Primeiro Ministro e em que morre, em acidente de avião.
A nível pessoal, eu descobri-me a
mim próprio, o que me dava muita estabilidade emocional, e não tenho dúvidas,
de que Sara também se encontrou; levou o “empurrão” que precisava.
Relativamente ao casal, foi a libertação consentida, que no fundo, mais nos
uniu.
Aproveito, antecipando qualquer
juízo precipitado, que ainda hoje, 2012, eu e Sara, já no limiar da era
“sexagenária”, mantemos o casamento, com muita amizade e cumplicidade entre
ambos, e uma fidelidade total, dentro do que ambos nos propusemos aceitar ;
começamo-nos a entreter com os Netos, vivendo uma vida social, ainda, bastante
activa.
Feitos estes comentários, vou
tentar situar todos os meus novos contos (verídicos) numa ordem cronológica do
tempo. Não sei se conseguirei, no entanto, não se distanciarão muito.
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